domingo, 16 de novembro de 2014

FANTASY / SAUL ZAENTZ & CREEDENCE CLEARWATER REVIVAL - TUDO PELO DINHEIRO

O assunto que envolvia os Creedence Clearwater Revival, Saul Zaentz e a editora discográfica Fantasy Records contra John Fogerty é bastante complexo e estima-se que a Fantasy arrecadou acima de 200 milhões de dólares em lucros de vendas de discos, licenças para utilização dessas músicas em bandas sonoras de filmes e controlo dos direitos autorais e de propriedade, que foram usurpados ao então inexperiente John Fogerty por via de uma "armadilha" contratual muito pouco clara e transparente.
No inicio Saul Zaentz foi uma espécie de mecenas que financiou a banda para comprar material e instrumentos melhores para pudessem trabalhar profissionalmente em melhores condições, acreditou e apoiou fortemente a banda, muito especialmente o jovem talentoso John Fogerty. Mas se inicialmente foi um grande mecenas para os Creedence Clearwater Revival poucos anos mais tarde tornou-se o grande carrasco e inimigo do genial John Fogerty quanto este finalmente abriu os olhos e viu que estava a ser controlado por um contrato financeiramente desastroso para ele em beneficio de Saul Zaentz e da editora Fantasy Records.
É certo que os Creedence Clearwater Revival na fase inicial foram muito ajudados pelo apoio do CEO da Fantasy Records, Saul Zaentz, que era também o proprietário maioritário dessa editora, mas ele sabia bem que tinha ali uma galinha dos ovos de ouro chamada Creedence Clearwater Revival com particular atenção no jovem John Fogerty.
O jovem e inexperiente em assuntos legais, John Fogerty, confiava muito em Saul Zaentz e com base nessa confiança assinou um contrato com a Fantasy Records que mais tarde se revelaria muito desastroso para John Fogerty.
Numa das alíneas desse contrato estipulava que a banda ficava sob controlo da Fantasy Records e que todo o material entregue ficava propriedade da editora, além da cedência dos direitos autorais pelo prazo máximo de 3 anos mediante ao pagamento de uma percentagem como compensação.
Uma outra alínea em letras miudinhas revelou-se em uma grande armadilha para John Fogerty, ela estipulava que após os 3 anos de contrato os direitos autorais passavam integralmente para a posse da Fantasy Records sem direito a qualquer pagamento de compensação.
Entre 1971 e 1972 John Fogerty tentou diversas vezes assinar um melhor contrato com a Fantasy Records, mas Saul Zaentz sempre recusou essa revisão contratual, ao não conseguir um contrato mais vantajoso para ele e para a banda, John Fogerty opta pela dissolução dos Creedence Clearwater Revival decorria o ano de 1972 quando se deu essa separação, no entanto o contrato entre a Fantasy e John Fogerty só chegava ao seu termo em 1980, por isso John Fogerty foi obrigado por via contratual a lançar os seus primeiros trabalhos a solo pela Fantasy Records enquanto travava uma grande batalha legal contra essa editora nas salas dos tribunais.
Em 1975 John Fogerty assina contrato com a Asylum Records, mas na verdade o seu contrato com a Fantasy Records ainda era válido e o assunto foi bater à barra do tribunal com a Fantasy a processar judicialmente John Fogerty e a Asylum, o assunto fica resolvido provisoriamente com Fantasy a ter os direitos de distribuição discográfica na Europa, Austrália e Japão, enquanto a Asylum fica com os direitos de distribuição na America do Norte, Canada e America do Sul (America Latina) é assim que é lançado o álbum "John Fogerty" em 1975.
Todos esses problemas legais levam John Fogerty e a editora Asylum a cancelar o álbum "Hoodoo" em 1976 e John Fogerty desaparece de cena até ao ano de 1985.
Entretanto a Asylum Records é vendida ao grupo Warner Bros, e é pela Warner Records que John Fogerty faz o seu triunfante regresso em 1985 com o álbum "Centerfield".
A batalha legal de John Fogerty contra a Fantasy Records e Saul Zaentz levou 30 anos a ser resolvida nos tribunais e foram 32 anos de luta para reaver os seus direitos relacionados com a sua obra intelectual, durante todo esse tempo viu os seus ex-companheiros de banda, Stu Cook e Doug Clifford juntamente com seu irmão Tom Fogerty, se voltarem contra ele e se colocarem ao lado de Saul Zaentz e da Fantasy Records.
Tom Fogerty, Stu Cook e Doug Clifford tinham cada um 25% dos direitos de imagem e registo da marca Creedence Clearwater Revival, John Fogerty detém os restantes 25 %, e estavam em vantagem de maioria para se colocarem ao lado de Saul Zaentz contra John Fogerty, e a Fantasy Records pagou-lhes muitíssimo dinheiro por isso.
John Fogerty deixou de falar com Stu Cook, Doug Clifford e com seu irmão Tom Fogerty por volta de 1981, mas em 1990 John Fogerty visitou Tom Fogerty no hospital pouco antes deste falecer, Tom disse "John, eu vou estar sempre do lado do Saul porque ele é o meu melhor amigo", John Fogerty tem contado este episódio em diversas entrevistas.
Diz-se que a partir de 1981 os maiores inimigos de John Fogerty foram o Stu Cook e Tom Fogerty, ainda hoje Stu Cook revela algumas atitudes de grande inimigo de John Fogerty, já Doug Clifford não gosta muito de se manifestar e até tem declarado que admirava muito John Fogerty.
Em 2004 a Fantasy Records é vendida à Concord Music Group e chega ao fim o grande calvário de John Fogerty que de acordo entre ambas as partes foi indemnizado com 2,5 milhões de dólares e viu ser restituído 50% dos direitos de autor referentes às músicas compostas por ele nos Creedence Clearwater Revival, chegava assim ao fim a maior e mais longa batalha judicial da história da música.
John Fogerty foi o compositor autor, arranjador e produtor de quase todas as músicas dos Creedence Clearwater Revival e durante cerca de 30 anos foi o que menos lucrou com isso enquanto os seus ex-parceiros de banda recebiam rios de dinheiro da Fantasy Records por terem participado apenas como músicos na obra intelectual musical de John Fogerty.

Uma história verídica de amizades desfeitas e traições, tudo pela ganância do dinheiro.

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