terça-feira, 14 de janeiro de 2014

JOHN FOGERTY - O ESCRITOR DE CANÇÕES

Vamos aqui falar dos motivos de inspiração que tiveram como base na escrita de algumas canções pela caneta de John Fogerty, para a sua banda Creedence Clearwater Revival, e também para a sua carreira a solo.

1967 - PORTERVILLE
Canção escrita quando John Fogerty servia no exército, na guarda costeira em Fort Knox, na opinião do próprio esta foi a primeira canção "séria" que escreveu antecedendo o período dos Creedence Clearwater Revival.
Porterville é uma pequena cidade onde ficava localizado o campo militar onde servia, a música foi editada originalmente em 1967 quando a banda ainda chamava-se The Golliwogs, voltou a ser reeditada em 1968 quando a banda foi renomeada Creedence Clearwater Revival e também faz parte do alinhamento do primeiro album.

1969 - PROUD MARY
Esta canção foi inspirada nos riverboats que fazia a travessia desde o Rio Mississipi até ao Delta, erradamente muitos julgavam que esta canção era sobre uma mulher, na verdade é uma homenagem a um desses barcos que era baptizado com esse nome.

1969 - LODI
Lodi City é uma pequena cidade que fica situada no distrito de San Joaquin County, no Estado da California, é uma localidade bastante conhecida pela produção de seus excelentes vinhos.
Nesta canção John Fogerty recorda os períodos de férias em criança que passava com a família nessa localidade que era em particular muito apreciada por seu pai.

1969 - FORTUNATE SON
Canção de protesto contra a guerra do Vietnam, é um grito de revolta contra as políticas da administração do Presidente Richard Nixon e o elitismo social norte-americano.

1969 - EFFIGY
É uma canção de conteúdo politico que demonstra a insatisfação de John Fogerty contra algumas políticas internas e externas da administração Nixon na presidencia dos Estados Unidos nessa época, nomeadamente com a guerra do Vietnam.

1970 - RUN THROUGH THE JUNGLE
É mais uma canção de protesto contra a guerra do Vietnam e os horrores sofridos pelos soldados traumatizados nas selvas vietnamitas, um relato cru acerca de quem viveu os horrores desta guerra, militares e civis.

1970 - WHO´LL STOP THE RAIN ?
Uma canção escrita após a participação dos Creedence Clearwater Revival no Festival de Woodstock em 1969, a inspiração para esta canção nasceu do facto de a actuação da banda ao ar livre ter sido prejudicada por uma terrível noite de chuva, o temporal tirou a maioria audiência e provocou problemas técnicos e falhas de energia, que determinou a John Fogerty a não autorizar as imagens da actuação da banda no filme e também no alinhamento do disco, daí a seguinte pergunta; Quem pára a chuva ?

1970 - HAVE YOU EVER SEEN THE RAIN ?
Canção escrita com alguma amargura irónica quando a banda já começava a passar por grave crise interna com reflexos de estar à beira da divisão, a escrita é uma premonição dos maus dias que estavam para vir com a saída do guitarrista ritmo, Tom Fogerty, para seguir carreira a solo em fevereiro de 1971, culminando com a separação definitiva da banda em julho de 1972 depois de terem passado um ano e meio reduzidos a trio.

1972 - SOMEDAY NEVER COMES
Uma canção inspirada no divórcio dos pais quando John Fogerty tinha 11 anos de idade, foi um rude golpe que não aceitou muito bem, até que os pais disseram-lhe "someday you´ll understand - um dia compreenderás", esta canção foi escrita quando a vida pessoal de John Fogerty estava num caos mesmo à beira do divórcio e com problemas com a editora Fantasy Records, assunto para uma verdadeira inspiração emocional.

1997 - JOY OF MY LIFE
Não é hábito John Fogerty escrever canções de amor, esta é uma rara excepção em que faz uma declaração de amor à sua mulher Julie Fogerty, que foi a inspiração para esta canção.

2004 - DEJA VU (ALL OVER AGAIN)
Canção de protesto contra a guerra e invasão do Iraque, é um levantar visionário dos velhos fantasmas e traumas do passado com a guerra do Vietnam, é um olhar visto pela perspectiva de um começar outra vez tudo de novo, dentro de um outro contexto.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

MORRE SAUL ZAENTZ - PRODUTOR DISCOGRÁFICO E CINEMATOGRÁFICO

Chamaram-lhe “o último dos grandes produtores independentes” americanos, muito embora os filmes que tenha produzido não ultrapassem os dedos das duas mãos.
Mas esses filmes chegam e sobram para Saul Zaentz, que morreu em São Francisco na sexta-feira, aos 92 anos de idade, justificar o epíteto: Voando Sobre um Ninho de Cucos, Amadeus, A Insustentável Leveza do Ser, O Paciente Inglês... Filmes em que Hollywood não quis arriscar e que Zaentz financiou quase inteiramente sozinho. Das nove produções com o seu nome, três venceram o Óscar de Melhor Filme.
Filho de imigrantes judeus polacos, que chegou a ganhar dinheiro como jogador profissional e que assegurou os direitos para o cinema das obras de J. R. R. Tolkien O Senhor dos Anéis e O Hobbit, Zaentz começou por deixar marca no mundo da música. Contratado como vendedor na década de 1950 pela discográfica de São Francisco Fantasy, subiria rapidamente na hierarquia até, em 1967, liderar um consórcio de funcionários que comprou a empresa.
Sob a sua direcção, a editora construiu um catálogo de peso na área do jazz, adquirindo pequenas companhias como a Prestige, a Riverside ou a Stax, e assinou contrato com os Creedence Clearwater Revival de John Fogerty, uma das bandas rock americanas de maior sucesso da década de 1970. A banda tornou-se numa “máquina de fazer dinheiro” para a Fantasy, e Zaentz e Fogerty passariam os vinte anos seguintes em litígio judicial, devido ao contrato assinado em 1968.
Não foi a última vez que o nome de Zaentz surgiu ligado aos tribunais: a sua propriedade dos direitos dos romances de Tolkien, assegurada por altura da versão em animação de O Senhor dos Anéis dirigida por Ralph Bakshi em 1978, levou também a uma série de processos opondo o produtor ao estúdio New Line, responsável pelas recentes adaptações assinadas por Peter Jackson.
Zaentz dedicar-se-ia a tempo inteiro ao cinema na década de 1970; a sua primeira produção foi Payday (1972), ambientado no mundo da música country, mas só com Voando sobre um Ninho de Cucos (1975), de Milos Forman, com Jack Nicholson no papel principal, o seu nome é creditado no genérico como produtor.
Um dos filmes mais emblemáticos da “nova Hollywood” dos anos 1970, Voando sobre um Ninho de Cucos foi o primeiro dos três filmes que Zaentz produziu a vencer o Óscar de Melhor Filme. Os outros foram Amadeus (1984), baseado na peça teatral de Anthony Shaffer e também dirigido por Forman, e O Paciente Inglês (1996), de Anthony Minghella, a partir do romance de Michael Ondaatje, com Ralph Fiennes, Kristin Scott Thomas e Juliette Binoche. 
Produziu igualmente A Costa de Mosquito (1986) de Peter Weir, com Harrison Ford; A Insustentável Leveza do Ser (1988) de Philip Kaufman, a partir do romance de Milan Kundera, com Daniel Day-Lewis e Binoche; e A Brincar nos Campos do Senhor (1991) do brasileiro Hector Babenco, um desastre financeiro que forçou à redução da sua actividade de produtor.
O último filme que produziu foi, em 2006, a sua terceira colaboração com Milos Forman, Os Fantasmas de Goya, com Javier Bardem e Natalie Portman; pouco antes, desfizera-se do catálogo da Fantasy, hoje propriedade da multinacional Universal, e encerrara o Saul Zaentz Film Center, estúdio de pós-produção que edificara em São Francisco em 1980.
Zaentz, casado por duas vezes e pai de quatro filhos, morreu em sua casa aos 92 anos de idade, de complicações relacionadas com a doença de Alzheimer.

sábado, 4 de janeiro de 2014

JOHN FOGERTY - FACTOS POLITICOS E SOCIAIS

Por volta de 1965 eu era da mesma idade dos soldados que serviam na guerra do Vietnam, e também da mesma classe média deles; a classe trabalhadora.
Eu era um dos cinco rapazes da nossa família com a idade perfeita para ser recrutado e mobilizado para combater na guerra do Vietnam.
Fui recrutado em 1965 quando tinha 20 anos de idade, era apenas um rapazinho que trabalhava em um posto de gasolina e que sonhava um dia ser músico profissional, estava "pronto" para ser recrutado para a reserva do exército e durante esse período os reservistas eram mantidos longe do conflito armado, mas alguns eram chamados a cumprir missão no Vietnam bem no centro do conflito, muitos não regressaram a casa.
Eu estive seis meses em serviço activo no ano de 1967, quando a guerra do Vietnam estava no seu auge, directamente no coração da guerra, qualquer um com a mesma idade andava muito preocupado com a possibilidade de serem enviados para o Vietnam.
Eu não suportava esta política de guerra, andava muito zangado com o sistema, regressei a casa livre do serviço activo em julho de 1967, depois de ter passado por Fort Bragg, Fort Knox e Fort Lee, mesmo a tempo de celebrar o movimento "Summer of Love" e todos os movimentos contestatários que antecederam o Festival de Woodstock em 1969.
Mais tarde, nesse ano (1967), renomeei a nossa banda "The Golliwogs" como "Creedence Clearwater Revival" e apenas duas semanas depois disso, em fevereiro de 1968, nós gravamos o tema "Suzie Q" que veio a ser o grande sucesso nesse verão.
O  verão de 1968 e da convenção democrática de chicago não acabou com os protestos da juventude, que organizavam manifestações que eram rapidamente dizimadas pela carga policial, mas o que isso dava era mais energia aos jovens para se rebelarem contra algo que não acreditavam, por outras palavras, eles não iam deixar o sistema levar isto avante.
Richard Nixou é eleito Presidente, os demogratas desfizeram a sua aliança e assim Nixon ganhou as eleições, ele mentiu muito ao povo americano e invadiu o Camboja além de outras coisas mais.
Nixon imediatamente perdeu o apoio da nova geração, ele era um elitista, se perguntassem a alguém o porquê de irem combater para o Vietnam, ninguém sabia responder ao certo, a resposta mais comum era que iam combater o efeito dominó dos países que caíram no comunismo, mas provávelmente a grande resposta seria manter a continuação da máquina de guerra e dos grandes negócios do armamento e fazer girar a economia dos grandes negócios da guerra.
Para sacrificar a vida destes jovens sem qualquer propósito justificável, arrebatavam os jovens de suas mães e famílias e jogavam-nos bem no centro da guerra, era errado, e eu era do tipo que tinha o direito a viver e escolher o rumo da minha própria vida, não os senhores da guerra.
Os protestos começaram a acontecer em grande em 1967, nós éramos novos e não podíamos votar contra estes assuntos, não tínhamos direito a voto nesta matéria, mesmo que fossemos enviados para a armadilha com uma metralhadora à costas e sem ter qualquer visão  ou benefício para cumprir o dever a que nos obrigavam.
Eu tinha fortíssimos sentimentos acerca disto tudo, Nixon parecia ignorar os protestos dos jovens, afirmando à imprensa que "São todos uns vadios, vagabundos" em 1970, e matando jovens estudantes com a carga policial nas manifestações de Ken State.
Que governo democrático tem o direito  de se virar contra os manifestantes chamando-os de anti-americanos ? !!! - "Love It Or Leave It" foi o slogan criado por eles, muitos gajos arrebataram isso das mãos dos tipos que estavam servindo no exército, para mim esses soldados eram meus irmãos, eu compreendia-os porque eu também tinha sido recrutado para o exército a troco de nada como eles.
Os protestos eram contra a política, não contra os soldados, nunca compreendi as manifestações maltratando os nossos militares.
As coisas continuaram, eu tinha muita raiva e estava perturbado com as coisas que Nixon dizia e fazia, ele era muito sarcástico acerca da nova geração, 50,000 pessoas acamparam frente à Casa Branca, era uma manhã de sábado, Nixon saíu e disse "Nada do que vocês fizerem aqui me preocupa, vou voltar para dentro e assistir o jogo de futebol", e quando finalmente as tropas regressaram a casa, vindas do Vietnam, Nixon virou as costas aos soldados.
Eu era um rapazola de uma pequena cidade, El Cerrito, tinha conhecimento que os filhos dos senadores importantes escapavam de ser recrutados e mobilizados para o Vietnam, tudo isso indignava-me como um jovem com idade de ser recrutado, como fui, os filhos dos senadores e dos detentores do grande poder económico, quando recrutados raramente eram enviados para os centros de grande conflito da guerra, ficavam apenas em zonas de grande conforto longe do perigo, a carne para canhão era fornecida pelos filhos da classe trabalhadora.
Conforme os meus sentimentos  iam crescendo e ficando cada vez mais fortes, sabia que tinha de escrever algo acerca disto, assim nasceu a música "Fortunate Son", primeiro trabalhei na composição da melodia, ensaiando com a banda durante algumas semanas, quando finalmente me senti preparado para escrever a letra, escrevi toda a canção em vinte minutos, em 1969.
Em 2004 escrevi a canção "Deja Vu - All Over Again", porque vi os fantasmas do Vietnam regressarem de novo em um outro contexto, desta vez no médio-oriente, com as mentiras da CIA como protesto para a invasão  do Iraque, a verdade provavelmente foi para olear a máquina de guerra ao serviço dos lobby´s dos grandes negócios do armamento e outros tantos mais ! ....

John Fogerty
     2013

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A HISTÓRIA DE UM RADIALISTA


Aqui vamos prestar homenagem a um dos melhores Radialistas Portugueses da sua época que infelizmente desapareceu prematuramente do meio de nós.
Era um grande Fan da banda Supertramp, mas foi um dos que mais ajudou a divulgar na radio a banda Creedence Clearwater Revival, da qual também era Fan, no final da década de 70 e inicio da década de 80.

Deixo abaixo um pouco da sua história :

A RADIO DO "NOSSO" TEMPO
Emanuel José da Silva Ferreira, começou a fazer locução de radio por brincadeira na radio pirata Radio Atlantis Fm, a qual ele foi o seu principal fundador, a radio atlantis funcionava com algum material semi-profissional e outro material rudimentar, isto na reta final da década de 70, o digital era ainda uma miragem e não estava prolífera por cá, ainda era nessa época o analógico, e as radios locais estavam num horizonte longinquo, cujas licenças só foram concedias muito mais tarde, essa radio funcionava num barracão no quintal da casa de uma tia, lá para os lados da Quinta Deão, no Funchal, o estudio era composto por dois pratos de gira-discos, um amplificador de média potençia, dois microfones, um leitor/gravador de cassetes, muitos discos em vinyl e um emissor transmissor que foi arranjado em kit através da Alvaro Torrão - Radio Escola (que não sei se ainda existe), kit esse que o Emanuel montou sozinho sem perceber nada de electronica, a juntar a este material ainda tinha duas antenas de radio CB-Banda do Cidadão, ligadas com vários cabos de cobre, e assim era transmitidas emissões de radio que eram recepçionadas em zonas do Funchal, como São Roque, Monte, Imaculado Coração de Maria, Levada de Santa Luzia e outras zonas dessa área, recordo que na época andava a Radio Marconi com um carro sonda a ver se apanhava de onde estavam a ser emitidas esses sinais de radio, o pessoal que coloborava na extinta Radio Atlantis também partiçipava nas buscas, só por gozo, é claro que todas essas buscas não davam em nada, o pessoal da radio marconi andava rua acima rua abaixo com os meios técnicos que tinham na época, mas as buscas saíram sempre infrutíferas, é claro que depois do pessoal da radio marconi ir embora, a malta da radio atlantis reunia-se e fazia uma festa. Também coloborei na Radio Atlantis, escrevia textos acerca de artistas, fazia de técnico de som e o material fonografico quase todo era meu, eram os velhinhos discos em vinyl, a radio atlantis tinha poucos e então eu trazia os meus, mas toda a gente coloborava nesse sentido e embora muitos amigos da época tenham coloborado com a Rádio Atlantis, só me lembro de um, o João Rebelo, que além do Emanuel e de mim, era o coloborador mais assíduo que nós tinhamos. O Emanuel Silva Ferreira foi o mentor, idealizador e principal fundador da Radio Atlantis, uma radio pirata que deu de falar e pela qual ele dedicou muito do seu tempo, e essa radio só teve a sua extinção devido o Emanuel Ferreira ter sido convidado a integrar os quadros profissionais do PEF-Posto Emissor do Funchal, de iniçio como locutor do programa "Musica ao gosto do ouvinte" e depois transitou para programas mais diversos onde ganhou muita popularidade, prinçipalmente entre gentes do mundo rural e nem só, pois o seu sentido de humor era do agrado dessa população. Depois de alguns anos no Posto Emissor, foi convidado a integrar os quadros profissionais da radio local Radio Calheta FM, para as funções de locutor e director/produtor de programas. Ultimamente não estava no exerciçio de funções devido a grave problema de saúde que o veio vitímar a 4 de abril de 2007, foi um dos grandes nomes da radio madeirense. Durante as décadas de 80 e 90 foi um dos locutores mais populares da PEF-Posto Emissor do Funchal à volta de toda a Ilha da Madeira. Faleceu aos 44 anos de idade e o seu funeral realizou-se no dia 6 de abril de 2007 pelas 15h30m no Cemitério de Nossa Senhora das Angustias, em São Martinho, na preferia Cidade do Funchal, Ilha da Madeira.
PAZ À SUA ALMA.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

CCR - A MINHA BANDA DE SEMPRE - DE VOLTA ÀS MINHAS MEMÓRIAS !

Estávamos no inicio da década de 70, antes da Revolução do 25 de Abril de 1974, quando tive contacto pela primeira vez com esta banda, através do meu saudoso amigo Virgilio Teixeira, que era um grande fan dos CCR, o primeiro contacto veio com os discos single vinyl 45 rpm, que era o que o meu já falecido amigo Virgilio Teixeira tinha em casa e por vezes emprestava-me, depois deste primeiro contacto e após à Revolução do 25 de Abril de 1974, eu interessei-me em explorar ainda mais a obra musical desta banda, começando a comprar os seus albuns (discos vinyl 33 rpm) que guardei religiosamente no meu arquivo discográfico, mas também dediquei-me a adquirir os discos a solo que foram lançados por alguns ex-elementos desta banda logo após sua separação em 1972, quando se começou a entrar na era do formato digital a partir da segunda metade da década de 80, comecei por repor e comprar toda a colecção, da banda e a solo, em CD, conforme ia aparecendo no mercado ia comprando até que completei toda a colecção no formato CD, mas os CCR para além de marcar a minha adolescência, também têm passagem por alguns factos históricos na minha vida, um deles aconteceu por volta de 1975, em pleno fervilhão da Revolução do 25 de Abril, nesse tempo não havia Discotecas, apenas bailes organizados pelos amigos, e foi em um desses bailes que tiveram lugar numa garagem na casa de um amigo nosso, na Rua da Levada de Santa Luzia - Funchal, que foi invadida por militantes da UDP (hoje BE) armados de bastões, e começaram a "lavar" em cima de quem estava lá, sem poupar ninguém, a justificação para tão selvático acto foi que estávamos a tocar musica subversiva Norte-Americana, que por acaso o que estava a tocar eram os Creedence Clearwater Revival, quando na época um democrata só podia ouvir José (Zeca) Afonso, Adriano Correia de Oliveira, José Mário Branco, Samuel, Fausto, Sérgio Godinho etc. etc. etc., Na ocasião dos factos ocorridos eu não estava no recinto (garagem) onde estava a decorrer o baile, tinha saído uns momentos antes para ir à mercearia para comprar alguns refrigerantes e alguma coisa para comer, quando estava na mercearia de facto vi passar o grupo de rufias da UDP de bastões no ar a gritar "A luta, a luta continua, fascistas para rua, imperialismo americano esta ilha não é tua" e "O povo unido jamais será vencido", quando cheguei junto à garagem onde supostamente decorria o baile, o que encontrei foi um grande caos, 2 ambulâncias e 2 carros da policia, e feridos por todo o lado, nunca ninguém foi preso, nunca ninguém foi chamado a responsabilidades, pelos vistos naquela época, a invasão de propriedade privada e agredir os cidadãos era um acto muitíssimo democrático !