Nunca a separação de uma banda gerou tanta controvérsia como os Creedence Clearwater Revival, cujos ex-membros continuam brigados até aos dias de hoje.
Tudo começou com a separação da banda em julho de 1972 quando John Fogerty reclamava a devolução dos direitos de autor, os quais eram detidos pela editora discografica Fantasy Records, atrvés de um contrato mal estipulado em prejuízo de John Fogerty.
A briga de John Fogerty com o Saul Zaentz, patrão da Fantasy, estendeu-se contra os outros ex-elementos da banda Doug Clifford e Stu Cook, que ficaram ao lado de Saul Zaentz, obviamente por interesses próprios, e frontalmente contra John Fogerty.
Tom Fogerty, irmão de John, embora tivesse abandonado os Creedence um ano e meio antes da separação definitiva da banda, também colocou-se ao lado de Saul Zaentz, também por interesse próprio, interesses esses que estavam em jogo questões financeiras.
Cada um dos ex-membros dos Creedence Revival detêm 25% do registo comercial do nome da banda, recebendo percentagens pelas vendas dos discos, videos etc.
Legalmente John Fogerty deveria receber uma percentagem maior, como letrista, compositor, arranjador e produtor, mas não era isso que acontecia estando os outros a usufruir lucros iguais por um trabalho que não fizeram, além disso John Fogerty tinha direito legal à margem dos direitos autorais pelo seu trabalho intelectual de composição, que nunca lhe foi pago pela editora, e isto refere-se à grande maioria dos trabalhos originais da banda.
A razão de fundo para a briga entre os dois irmãos foram questões de direitos, honra e dinheiro, mas sobretudo por Tom Fogerty apoiar Saul Zaentz e a editora Fantasy Records que andavam a roubar descaradamente John Fogerty.
Dizem que John Fogerty desde 1981 que não falava com Tom, até este falecer de insuficiência respiratória em 1990, mas isso é falso, nesse ano John foi visitar Tom no hospital e falaram nos assuntos que estavam mal resolvidos entre eles, mas Tom respondeu a John "Não esperes que eu te vá apoiar contra a Fantasy, o Saul Zaentz é o meu melhor amigo", é claro que John ficou muito magoado com esta atitude e quando Tom faleceu não foi ao seu funeral, é por isso que dizem erradamente que John e Tom nunca mais se falaram até à hora da morte deste.
Tom Fogerty anseava brilhar no mundo da música, como não o podia fazer nos Creedence Clearwater Revival, decidiu abandonar a banda em 1971, aproveitando a grande popularidade da mesma para lançar-se como solista.
Tom Fogerty demorou 4 longos anos para perceber que foi precipitado em sair dos Creedence, que afinal quem brilhava nessa banda era John Fogerty e que o sucesso da banda era John Fogerty, tanto foi assim que em 1975 depois de ter gravado 4 albuns para a Fantasy, Tom Fogerty tentou reunir os Creedence mas John recusou a ideia e as relações entre os irmãos esfriaram ainda mais, mesmo assim os Creedence reuniram-se especialmente em 1980 na festa do casamento em segundas núpcias de Tom Fogerty, mas a reunião ficou mesmo por aí.
Também, John participou como guitarrista em algumas musicas do album "Zephyr National" de Tom Fogerty em 1974, onde também participam Stu Cook e Doug Clifford antigos membros dos Creedence Clearwater Revival.
A Carreira a solo de Tom Fogerty nunca arrancou para voos mais altos, apesar de gravar para a Fantasy, Tom procurou outras editoras mais conceituadas, mas nenhuma se interessou pelo seu trabalho, não o consideravam um artista nacional, mas sim um artista regional da zona de San Francisco, onde era frequente Tom dar os seus concertos ao vivo, mas nunca deu grandes concertos à escala nacional, isso limitou toda a sua projeção no seu próprio país.
Quero deixar aqui bem explícito o seguinte, um colectivo funciona com todos os seus integrantes, John Fogerty sózinho nunca poderia ser um colectivo, é errado pensar que John Fogerty era individualmente os Creedence, é verdade que era (e é) muito talentoso e a alma da banda, que escrevia e produzia as músicas e que fazia os arranjos das mesmas, e que a sua voz era uma marca, mas os outros também contribuiam com o seu lado criativo, por exemplo, Stu Cook a partir das notas que John lhe passava, tinha que criar a "sua" linha de baixo, Doug Clifford tinha de criar o "seu" ritmo de bateria e os riffs, Tom Fogerty na guitarra ritmo (base) criava um balanço inconfundível, todos eles com o seu toque pessoal ajudaram John Fogerty a criar as fantásticas musicas da banda.
No casamento em segundas núpcias de Tom Fogerty em 1980
Reunião especial dos Creedence Clearwater Revival em 1980 na festa de casamento em segundas núpcias de Tom Fogerty.
Nesta época apesar de brigados ainda se falavam, a ruptura total veio a partir de 1981 quando os problemas entre a Fantasy, Saul Zaentz e os restantes, se agravaram nos tribunais e John Fogerty deixou de falar com os seus ex-amigos e ex-colegas de banda.
Realmente, nunca entendi porque o Tom não cantava na banda, pois quando se chamavam Gollywogs os dois irmãos dividiam composições e vocais.
ResponderEliminarSim, é verdade, mas a partir de 1968 houve um acordo entre os CCR e a Fantasy Records em que estipulava que a partir de então os CCR passavam a ser liderados a partir da responsabilidade exclusiva de John Fogerty, deixando Tom Fogerty apenas ao papel de guitarrista base. Mais tarde Tom Fogerty arrependeu-se de ter assinado esse acordo e revoltou-se contra o seu irmão John Fogerty que através desse acordo não permitia a expansão de Tom Fogerty a nível de composição. A verdade é que Tom Fogerty depois de abandonar os CCR no inicio de 1971, só conseguiu ter 3 sucessos comerciais menores num espaço de 10 anos "Goodbye Media Man" 1971, "Joyful Resurrection" 1974 e "Champangne Love" 1980.
ResponderEliminarExcelente! O envolvimento com dinheiro c contratos mal feitos resulta em separados
ResponderEliminarTodos poderiam ter brilhado dentro do Creedence...deixar Tom ter um espaço como vocalista, uma música onde a bateria fosse a estrela sem vocal...uma questão de inteligência e o incrível Creedence não teria tido morte súbita.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarBrilhante texto, Parabéns!
ResponderEliminarNo último disco da banda, Mardi Gras, John estipulou que deveria haver composições dos outros integrantes da banda, bem como a produção seria dividida. O resultado todos conhecem: não foi o trabalho mais brilhante da banda. Tom nada conseguiu na carreira solo. Doug e Stu seguiram com o Creedence Clearwater Revisited, apresentado os sucessos do CCR, mas não conseguiram criar nada. Já John, acusado de auto plágio, somente conseguiu cantar suas próprias canções depois várias batalhas jurídicas, que levaram anos e anos até o seu final, mas o seu talento lhe permitiu gravar novos discos, onde nos brindou com diversos novos sucessos. John continua ativo e, atualmente, está em uma grande turnê com Billy Gibbons (ZZ Top), onde cantam os grandes sucessos da sua carreira solo, do CCR, e do ZZ Top.
Texto brilhante tirei todas minhas duvidas,linguaje simples mas altamente explicativa destrinchando os entraves desta banda fantastica, devo ressaltar aqui que de fato agora entendi o porque da separação deles, obrigado pelo texto maravilhoso....abraço.
ResponderEliminarInfelizmente, a mola do Mundo (= dinheiro), muitas vezes, aborta bandas maravilhosas... O CCR foi (e é,; e será sempre!!!) uma banda mágica... O diferencial deles para, por exemplo, o Led Zeppelin, é que Jimmy Page, Robert Plant, John Paul Jones e Jon "Bonzo" Boham, eram amigos, e respeitavam-se mutuamente... Com certeza, também tinham discordâncias, mas não o suficiente para se separarem... O grupo finalizou as atividades porque o (excepcional) baterista veio a falecer de overdose de bebida alcoólica... Não fosse isso, ainda estariam no cenário mundial... Quando Jimmy Page, após o funeral de "Bonzo", informou que a banda não mais se apresentaria, disse: "Perdemos mais do que um amigo, perdemos um irmão... Não temos mais motivos para continuar com a banda..." Portanto, diferentemente do LZ, o CCR, mesmo contando com os irmãos John e Tom, tinham disputas financeiras e de egos inflados... E, sem dúvida, isso é tragédia anunciada... Talvez, se conseguissem respeitar mais o espaço de casa um, a individualidade, a individuidade e alma criativa, é provável que teriam ido mais longe do que foram, pelo menos até o falecimento do Tom... Dito isso, são somente boas lembranças de músicas que fizeram (e ainda fazem) sucesso...; principalmente, em nossos corações!!! Vivam sempre Creedence Clearwater Revival!!! Jamais serão esquecidos...
ResponderEliminar