segunda-feira, 26 de maio de 2014

JOHN FOGERTY - CURIOSIDADES E FACTOS


SABIA QUE ? ...

Passados mais de 40 anos após a sua separação, os Creedence Clearwater Revival continuam a vender mais de 2 milhões de discos (cd´s) anuais, entre albuns oficiais e compilações, em todo o mundo, continuam a ser uma fonte muito rentável principalmente para a editora Fantasy Records agora propriedade da Concord Music.

Em 1985 John Fogerty foi processado por Saul Zaentz, patrão da Fantasy Records, com uma acusação de plagiar uma das suas próprias canções ... Saul Zaentz acusou judicialmente John Fogerty por plagiar a musica dos CCR "Run Through The Jungle" com a então nova música "The Old Man Down The Road", situação controversa já que as duas músicas eram da autoria do próprio John Fogerty, mas a Fantasy detinha indevidamente por processo contratual os direitos da música "Run Through The Jungle", assim como quase todas as músicas dos CCR, através da sua publisher Jondora Music, John Fogerty só reaveu parte dos direitos de autor pelas musicas dos CCR quando a Fantasy Records foi vendida à Concord Music em 2004, que para se livrar dos processos em tribunal contra a editora fechou um novo acordo com John Fogerty restituindo parte dos direitos de autor e pagando uma indemnização de alguns milhões de dolares ao artista.

Quando os Creedence Clearwater Revival se separaram em 1972, ainda deviam 8 albuns à editora Fantasy Records, e que esse contrato foi um verdadeiro calcanhar de Aquiles na carreira a solo de John Fogerty.

A Fantasy Records, através do seu patrão Saul Zaentz, conseguiu boicotar a carreira a solo de John Fogerty entre 1976 a 1984 devido ao incumprimento do antigo contrato dos Creedence Clearwater Revival, visando apenas John Fogerty,  que supostamente ainda devia 8 albuns a essa editora.

A editora Fantasy Records deteu durante mais de 35 anos os direitos de autor devidos a John Fogerty ao abrigo do contrato assinado e celebrado por este através do colectivo Creedence Clearwater Revival, que cedeu esses direitos autorais à Fantasy num contrato mal estipulado e prejudicial para John Fogerty.

O baixista Stu Cook, o baterista Doug Clifford, e o guitarra base (Ritmo) Tom Fogerty colocaram -se ao lado de Saul Zaentz e da editora Fantasy Records contra John Fogerty, e receberam indevidamente elevadas percentagens por direitos de vendas pelos discos dos Creedence Clearwater Revival, quando a percentagem maior deveria ser para John Fogerty, já que este era o autor de todas as músicas e letras originais da banda, e ainda arranjador e produtor, o motivo foi uma vingança por parte do patrão da Fantasy Records, Saul Zaents com quem John Fogerty tinha entrado em litígio com processos em tribunal, por outro lado foi a ganância e a inveja dos outros membros da banda contra John Fogerty.

A Fantasy Records não promoveu devidamente os primeiros trabalhos a solo de John Fogerty entre 1973 a 1975 propositadamente para que fossem um grande fracasso comercial e assim prejudicar e pôr termo à carreira solo de John Fogerty, uma vingança mesquinha de Saul Zaentz, que mesmo assim não conseguiu evitar dois grande êxitos de John Fogerty em 1973 com os temas "Jambalaya" e "Hearts of Stone".

A Fantasy Records retirou permamentemente do seu catalogo os primeiros trabalhos a solo de John Fogerty, deste período só se encontra em catalogo o primeiro album "The Blue Ridge Rangers" de 1973, o album "John Fogerty" de 1975 foi retirado do catalogo e hoje é um disco muito raro, a edição em CD, muito rara, tem sido vendido a preços exorbitantes no mercado negro, os restantes singles editados por esta editora "Comin´Down The Road / Ricochet" de 1973, "You Don´t Owe Me / Back In The Hills" também de 1973 e "You Got The Magic / Evil Thing" de 1975, e ainda "Rockin´All Over The World / The Wall" também de 1975, foram banidos do catalogo da Fantasy Records, até hoje esta editora nunca licenciou este material para ser editado em CD em alguma compilação de sucessos de John Fogerty ou noutra colectânia do género.

No inicio da carreira, durante o período Pré-Creedence, em que a banda se chamava The Golliwogs, a liderança e os vocais eram divididos entre John Fogerty e Tom Fogerty que também assinavam a autoria das canções, desse período, usando o pseudónimo Rann Wild (Tom Fogerty) e Toby Green (John Fogerty), mais tarde em 1967 John Fogerty assinou a autoria do tema "Call It Pretending" com o pseudónimo T. Spicebush Swallowtail.
Mais recentemente com a reedição destes temas em CD o verdadeiro nome dos compositores foi reposto, deixando cair os pseudónimos que eram apresentados até então.

Em 1967 John Fogerty assume a liderança total dos The Golliwogs, os temas "Call It Pretending", "Walking On The Water" e "Porterville" são originalmente editados nesse ano ainda como The Gollywogs, mas em 1968 voltam a ser reeditados já como Creedence Clearwater Revival, sendo que o tema "Walking On The Water" recebe um novo arranjo musical e uma ligeira alteração na letra, passando a ter o titulo como "Walk On The Water", é a única música assinada em dupla pela autoria de Tom Fogerty / John Fogerty neste período em que passam a designar-se Creedence Clearwater Revival.

Em 1976 John Fogerty estava pronto para lançar o album "Hoodoo" por uma nova editora, Asylum Records, já tinham sido prensadas 750.000 cópias mas o disco nunca chegou a ser distribuído e as cópias foram logo destruídas, tanto a editora como John Fogerty chegaram à conclusão que esse album era muito fraco para os padrões musicais de John Fogerty e portanto o album foi cancelado e as masters destruídas em 1980 pela editora a pedido de John Fogerty.
Antes do album ser destruído alguém fez uma cópia caseira e a lançou para o mercado dos discos piratas, onde ainda hoje pode ser encontrado.

John Fogerty entre 1973 a 1997 recusava a tocar as músicas dos Creedence Clearwater Revival nos seus concertos ao vivo, apesar dessas canções serem da sua autoria, e como nessa época tinha um repertório original a solo muito reduzido, o alinhamento dos seus concertos era quase todo preenchido por covers de temas "clássicos" da música country, soul e blues o cancioneiro norte-americanos.

sábado, 12 de abril de 2014

STU COOK - UM EXCELENTE BAIXISTA !

Stuart Alden Cook, mais conhecido por Stu Cook, nascido a 25 de Abril de 1945, é um baixista mundialmente conhecido como elemento da banda rock-country-blues (swamp-rock), Creedence Clearwater Revival.
Curiosamente Stu Cook começou como pianista em 1959 na banda The Blue Velvets com John Fogerty e Doug Clifford.
Com a entrada de Tom Fogerty em 1961 a banda passou a designar-se Tommy Fogerty And The Blue Velvets e assinam um contrato discográfico com a editora Orchestra Records na qual gravam 3 discos single que não obtiveram nenhum sucesso.
Em 1963 mudam o nome para The Visions e têm dificuldade em encontrar editora, finalmente assinam contrato em 1964 com a Scorpio Records uma subsidiária da então editora especializada em Jazz, a Fantasy Records.
No lançamento do primeiro disco a editora muda o nome da banda para The Golliwogs, e é por esta altura que Stu Cook abandona o piano e assume a posição de guitarrista baixo com a qual mais tarde iria fazer história.
Entre 1964 a 1967 os The Golliwogs fazem alguns pequenos sucessos regionais, mas as capacidades de Stu Cook como baixista ainda não se fazem notar.
Em 1968 a banda muda definitivamente o nome para Creedence Clearwater Revival e gravam o primeiro album para a Fantasy Records em que já se nota todo o desenvolvimento de Stu Cook como baixista que muito ajudou a criar a sonoridade própria da banda.
Embora tenha sido John Fogerty o grande criador do swamp-rock e compositor, arranjador e produtor de quase todas as músicas desta banda, que também gravou alguns covers, Stu Cook criou belas linhas de baixo em muitas dessas músicas criadas por John Fogerty.
John Fogerty foi muito ajudado por esta sessão ritmica para construir essas canções, as linhas de baixo criadas por Stu Cook e os riffs de bateria de Doug Clifford eram a simbiose perfeita na sua construção.
Também foi fundamental o balanço ritmico muito peculiar criado por Tom Fogerty na guitarra base (ritmo), e claro, John Fogerty era o grande génio na construção dessas canções onde construiu grandes solos de guitarra e acrescentava todo o potencial da sua voz.
Depois da separação dos Creedence Clearwater Revival em 1972, Stu Cook junto com Doug Clifford fizeram uma temporada como músicos de sessão de estúdio, chegaram a participar em dois albuns a solo de Tom Fogerty, "Zephyr National" e "Myopia" ambos de 1974, também fizeram parte da banda The Don Harrison Band na qual gravaram dois albuns, depois enquanto Doug Clifford passou para a banda Sir Douglas Quintet, Stu Cook ocupa o lugar de baixista na conhecida banda Southern Pacific, mesmo a tempo de gravar o segundo album dessa banda, e onde fica alguns anos.
Por volta de 1995 Stu Cook e Doug Clifford voltam a reunir-se e formam os Creedence Clearwater Revisited, uma banda de covers da banda CCR original, e ainda estão em actividade.
Stu Cook é um excelente baixista e ficará para sempre conhecido na história da música como o homem que criou algumas das mais belas linhas de baixo na história do rock.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

JOHN FOGERTY - UMA LENDA VIVA !

JOHN FOGERTY - UMA LENDA VIVA !
Apesar de ter sido roubado pelo seu empresáro, o produtor Saul Zaents, que com a sua editora discográfica Fantasy conseguiram manipular os direitos autorais das composições de John Fogerty, e depois da banda CCR se separar em 1972 os seus ex-parceiros, Stu Cook, Doug Clifford, e inclusive o seu irmão Tom Fogerty, se terem voltado contra ele e defesa de Saul Zaentz num caso que levou quase 30 anos a ser resolvido nos tribunais. (foi resolvido em 2004 quando a Fantasy foi vendida à Concord Music), fazendo John Fogerty sacrificar a sua carreira durante 10 anos (1976-1985), ninguém o conseguiu derrubar por completo, enquanto as ambições dos ex-parceiros de banda ficaram pelo caminho, (só Tom Fogerty conseguiu um sucesso razoável entre 1971 a 1974 e também num regresso fugaz em 1980), John Fogerty fez o seu regresso às luzes da ribalta em 1985, sucesso esse que perdura até aos dias de hoje, tornando-se uma lenda viva do cancioneiro norte-americano, muito mais à custa do seu trabalho nos Creedence Clearwater Revival que da sua própria carreira a solo que tem sido brilhante nos últimos 28 anos.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

JOHN FOGERTY - O ESCRITOR DE CANÇÕES

Vamos aqui falar dos motivos de inspiração que tiveram como base na escrita de algumas canções pela caneta de John Fogerty, para a sua banda Creedence Clearwater Revival, e também para a sua carreira a solo.

1967 - PORTERVILLE
Canção escrita quando John Fogerty servia no exército, na guarda costeira em Fort Knox, na opinião do próprio esta foi a primeira canção "séria" que escreveu antecedendo o período dos Creedence Clearwater Revival.
Porterville é uma pequena cidade onde ficava localizado o campo militar onde servia, a música foi editada originalmente em 1967 quando a banda ainda chamava-se The Golliwogs, voltou a ser reeditada em 1968 quando a banda foi renomeada Creedence Clearwater Revival e também faz parte do alinhamento do primeiro album.

1969 - PROUD MARY
Esta canção foi inspirada nos riverboats que fazia a travessia desde o Rio Mississipi até ao Delta, erradamente muitos julgavam que esta canção era sobre uma mulher, na verdade é uma homenagem a um desses barcos que era baptizado com esse nome.

1969 - LODI
Lodi City é uma pequena cidade que fica situada no distrito de San Joaquin County, no Estado da California, é uma localidade bastante conhecida pela produção de seus excelentes vinhos.
Nesta canção John Fogerty recorda os períodos de férias em criança que passava com a família nessa localidade que era em particular muito apreciada por seu pai.

1969 - FORTUNATE SON
Canção de protesto contra a guerra do Vietnam, é um grito de revolta contra as políticas da administração do Presidente Richard Nixon e o elitismo social norte-americano.

1969 - EFFIGY
É uma canção de conteúdo politico que demonstra a insatisfação de John Fogerty contra algumas políticas internas e externas da administração Nixon na presidencia dos Estados Unidos nessa época, nomeadamente com a guerra do Vietnam.

1970 - RUN THROUGH THE JUNGLE
É mais uma canção de protesto contra a guerra do Vietnam e os horrores sofridos pelos soldados traumatizados nas selvas vietnamitas, um relato cru acerca de quem viveu os horrores desta guerra, militares e civis.

1970 - WHO´LL STOP THE RAIN ?
Uma canção escrita após a participação dos Creedence Clearwater Revival no Festival de Woodstock em 1969, a inspiração para esta canção nasceu do facto de a actuação da banda ao ar livre ter sido prejudicada por uma terrível noite de chuva, o temporal tirou a maioria audiência e provocou problemas técnicos e falhas de energia, que determinou a John Fogerty a não autorizar as imagens da actuação da banda no filme e também no alinhamento do disco, daí a seguinte pergunta; Quem pára a chuva ?

1970 - HAVE YOU EVER SEEN THE RAIN ?
Canção escrita com alguma amargura irónica quando a banda já começava a passar por grave crise interna com reflexos de estar à beira da divisão, a escrita é uma premonição dos maus dias que estavam para vir com a saída do guitarrista ritmo, Tom Fogerty, para seguir carreira a solo em fevereiro de 1971, culminando com a separação definitiva da banda em julho de 1972 depois de terem passado um ano e meio reduzidos a trio.

1972 - SOMEDAY NEVER COMES
Uma canção inspirada no divórcio dos pais quando John Fogerty tinha 11 anos de idade, foi um rude golpe que não aceitou muito bem, até que os pais disseram-lhe "someday you´ll understand - um dia compreenderás", esta canção foi escrita quando a vida pessoal de John Fogerty estava num caos mesmo à beira do divórcio e com problemas com a editora Fantasy Records, assunto para uma verdadeira inspiração emocional.

1997 - JOY OF MY LIFE
Não é hábito John Fogerty escrever canções de amor, esta é uma rara excepção em que faz uma declaração de amor à sua mulher Julie Fogerty, que foi a inspiração para esta canção.

2004 - DEJA VU (ALL OVER AGAIN)
Canção de protesto contra a guerra e invasão do Iraque, é um levantar visionário dos velhos fantasmas e traumas do passado com a guerra do Vietnam, é um olhar visto pela perspectiva de um começar outra vez tudo de novo, dentro de um outro contexto.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

MORRE SAUL ZAENTZ - PRODUTOR DISCOGRÁFICO E CINEMATOGRÁFICO

Chamaram-lhe “o último dos grandes produtores independentes” americanos, muito embora os filmes que tenha produzido não ultrapassem os dedos das duas mãos.
Mas esses filmes chegam e sobram para Saul Zaentz, que morreu em São Francisco na sexta-feira, aos 92 anos de idade, justificar o epíteto: Voando Sobre um Ninho de Cucos, Amadeus, A Insustentável Leveza do Ser, O Paciente Inglês... Filmes em que Hollywood não quis arriscar e que Zaentz financiou quase inteiramente sozinho. Das nove produções com o seu nome, três venceram o Óscar de Melhor Filme.
Filho de imigrantes judeus polacos, que chegou a ganhar dinheiro como jogador profissional e que assegurou os direitos para o cinema das obras de J. R. R. Tolkien O Senhor dos Anéis e O Hobbit, Zaentz começou por deixar marca no mundo da música. Contratado como vendedor na década de 1950 pela discográfica de São Francisco Fantasy, subiria rapidamente na hierarquia até, em 1967, liderar um consórcio de funcionários que comprou a empresa.
Sob a sua direcção, a editora construiu um catálogo de peso na área do jazz, adquirindo pequenas companhias como a Prestige, a Riverside ou a Stax, e assinou contrato com os Creedence Clearwater Revival de John Fogerty, uma das bandas rock americanas de maior sucesso da década de 1970. A banda tornou-se numa “máquina de fazer dinheiro” para a Fantasy, e Zaentz e Fogerty passariam os vinte anos seguintes em litígio judicial, devido ao contrato assinado em 1968.
Não foi a última vez que o nome de Zaentz surgiu ligado aos tribunais: a sua propriedade dos direitos dos romances de Tolkien, assegurada por altura da versão em animação de O Senhor dos Anéis dirigida por Ralph Bakshi em 1978, levou também a uma série de processos opondo o produtor ao estúdio New Line, responsável pelas recentes adaptações assinadas por Peter Jackson.
Zaentz dedicar-se-ia a tempo inteiro ao cinema na década de 1970; a sua primeira produção foi Payday (1972), ambientado no mundo da música country, mas só com Voando sobre um Ninho de Cucos (1975), de Milos Forman, com Jack Nicholson no papel principal, o seu nome é creditado no genérico como produtor.
Um dos filmes mais emblemáticos da “nova Hollywood” dos anos 1970, Voando sobre um Ninho de Cucos foi o primeiro dos três filmes que Zaentz produziu a vencer o Óscar de Melhor Filme. Os outros foram Amadeus (1984), baseado na peça teatral de Anthony Shaffer e também dirigido por Forman, e O Paciente Inglês (1996), de Anthony Minghella, a partir do romance de Michael Ondaatje, com Ralph Fiennes, Kristin Scott Thomas e Juliette Binoche. 
Produziu igualmente A Costa de Mosquito (1986) de Peter Weir, com Harrison Ford; A Insustentável Leveza do Ser (1988) de Philip Kaufman, a partir do romance de Milan Kundera, com Daniel Day-Lewis e Binoche; e A Brincar nos Campos do Senhor (1991) do brasileiro Hector Babenco, um desastre financeiro que forçou à redução da sua actividade de produtor.
O último filme que produziu foi, em 2006, a sua terceira colaboração com Milos Forman, Os Fantasmas de Goya, com Javier Bardem e Natalie Portman; pouco antes, desfizera-se do catálogo da Fantasy, hoje propriedade da multinacional Universal, e encerrara o Saul Zaentz Film Center, estúdio de pós-produção que edificara em São Francisco em 1980.
Zaentz, casado por duas vezes e pai de quatro filhos, morreu em sua casa aos 92 anos de idade, de complicações relacionadas com a doença de Alzheimer.

sábado, 4 de janeiro de 2014

JOHN FOGERTY - FACTOS POLITICOS E SOCIAIS

Por volta de 1965 eu era da mesma idade dos soldados que serviam na guerra do Vietnam, e também da mesma classe média deles; a classe trabalhadora.
Eu era um dos cinco rapazes da nossa família com a idade perfeita para ser recrutado e mobilizado para combater na guerra do Vietnam.
Fui recrutado em 1965 quando tinha 20 anos de idade, era apenas um rapazinho que trabalhava em um posto de gasolina e que sonhava um dia ser músico profissional, estava "pronto" para ser recrutado para a reserva do exército e durante esse período os reservistas eram mantidos longe do conflito armado, mas alguns eram chamados a cumprir missão no Vietnam bem no centro do conflito, muitos não regressaram a casa.
Eu estive seis meses em serviço activo no ano de 1967, quando a guerra do Vietnam estava no seu auge, directamente no coração da guerra, qualquer um com a mesma idade andava muito preocupado com a possibilidade de serem enviados para o Vietnam.
Eu não suportava esta política de guerra, andava muito zangado com o sistema, regressei a casa livre do serviço activo em julho de 1967, depois de ter passado por Fort Bragg, Fort Knox e Fort Lee, mesmo a tempo de celebrar o movimento "Summer of Love" e todos os movimentos contestatários que antecederam o Festival de Woodstock em 1969.
Mais tarde, nesse ano (1967), renomeei a nossa banda "The Golliwogs" como "Creedence Clearwater Revival" e apenas duas semanas depois disso, em fevereiro de 1968, nós gravamos o tema "Suzie Q" que veio a ser o grande sucesso nesse verão.
O  verão de 1968 e da convenção democrática de chicago não acabou com os protestos da juventude, que organizavam manifestações que eram rapidamente dizimadas pela carga policial, mas o que isso dava era mais energia aos jovens para se rebelarem contra algo que não acreditavam, por outras palavras, eles não iam deixar o sistema levar isto avante.
Richard Nixou é eleito Presidente, os demogratas desfizeram a sua aliança e assim Nixon ganhou as eleições, ele mentiu muito ao povo americano e invadiu o Camboja além de outras coisas mais.
Nixon imediatamente perdeu o apoio da nova geração, ele era um elitista, se perguntassem a alguém o porquê de irem combater para o Vietnam, ninguém sabia responder ao certo, a resposta mais comum era que iam combater o efeito dominó dos países que caíram no comunismo, mas provávelmente a grande resposta seria manter a continuação da máquina de guerra e dos grandes negócios do armamento e fazer girar a economia dos grandes negócios da guerra.
Para sacrificar a vida destes jovens sem qualquer propósito justificável, arrebatavam os jovens de suas mães e famílias e jogavam-nos bem no centro da guerra, era errado, e eu era do tipo que tinha o direito a viver e escolher o rumo da minha própria vida, não os senhores da guerra.
Os protestos começaram a acontecer em grande em 1967, nós éramos novos e não podíamos votar contra estes assuntos, não tínhamos direito a voto nesta matéria, mesmo que fossemos enviados para a armadilha com uma metralhadora à costas e sem ter qualquer visão  ou benefício para cumprir o dever a que nos obrigavam.
Eu tinha fortíssimos sentimentos acerca disto tudo, Nixon parecia ignorar os protestos dos jovens, afirmando à imprensa que "São todos uns vadios, vagabundos" em 1970, e matando jovens estudantes com a carga policial nas manifestações de Ken State.
Que governo democrático tem o direito  de se virar contra os manifestantes chamando-os de anti-americanos ? !!! - "Love It Or Leave It" foi o slogan criado por eles, muitos gajos arrebataram isso das mãos dos tipos que estavam servindo no exército, para mim esses soldados eram meus irmãos, eu compreendia-os porque eu também tinha sido recrutado para o exército a troco de nada como eles.
Os protestos eram contra a política, não contra os soldados, nunca compreendi as manifestações maltratando os nossos militares.
As coisas continuaram, eu tinha muita raiva e estava perturbado com as coisas que Nixon dizia e fazia, ele era muito sarcástico acerca da nova geração, 50,000 pessoas acamparam frente à Casa Branca, era uma manhã de sábado, Nixon saíu e disse "Nada do que vocês fizerem aqui me preocupa, vou voltar para dentro e assistir o jogo de futebol", e quando finalmente as tropas regressaram a casa, vindas do Vietnam, Nixon virou as costas aos soldados.
Eu era um rapazola de uma pequena cidade, El Cerrito, tinha conhecimento que os filhos dos senadores importantes escapavam de ser recrutados e mobilizados para o Vietnam, tudo isso indignava-me como um jovem com idade de ser recrutado, como fui, os filhos dos senadores e dos detentores do grande poder económico, quando recrutados raramente eram enviados para os centros de grande conflito da guerra, ficavam apenas em zonas de grande conforto longe do perigo, a carne para canhão era fornecida pelos filhos da classe trabalhadora.
Conforme os meus sentimentos  iam crescendo e ficando cada vez mais fortes, sabia que tinha de escrever algo acerca disto, assim nasceu a música "Fortunate Son", primeiro trabalhei na composição da melodia, ensaiando com a banda durante algumas semanas, quando finalmente me senti preparado para escrever a letra, escrevi toda a canção em vinte minutos, em 1969.
Em 2004 escrevi a canção "Deja Vu - All Over Again", porque vi os fantasmas do Vietnam regressarem de novo em um outro contexto, desta vez no médio-oriente, com as mentiras da CIA como protesto para a invasão  do Iraque, a verdade provavelmente foi para olear a máquina de guerra ao serviço dos lobby´s dos grandes negócios do armamento e outros tantos mais ! ....

John Fogerty
     2013

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A HISTÓRIA DE UM RADIALISTA


Aqui vamos prestar homenagem a um dos melhores Radialistas Portugueses da sua época que infelizmente desapareceu prematuramente do meio de nós.
Era um grande Fan da banda Supertramp, mas foi um dos que mais ajudou a divulgar na radio a banda Creedence Clearwater Revival, da qual também era Fan, no final da década de 70 e inicio da década de 80.

Deixo abaixo um pouco da sua história :

A RADIO DO "NOSSO" TEMPO
Emanuel José da Silva Ferreira, começou a fazer locução de radio por brincadeira na radio pirata Radio Atlantis Fm, a qual ele foi o seu principal fundador, a radio atlantis funcionava com algum material semi-profissional e outro material rudimentar, isto na reta final da década de 70, o digital era ainda uma miragem e não estava prolífera por cá, ainda era nessa época o analógico, e as radios locais estavam num horizonte longinquo, cujas licenças só foram concedias muito mais tarde, essa radio funcionava num barracão no quintal da casa de uma tia, lá para os lados da Quinta Deão, no Funchal, o estudio era composto por dois pratos de gira-discos, um amplificador de média potençia, dois microfones, um leitor/gravador de cassetes, muitos discos em vinyl e um emissor transmissor que foi arranjado em kit através da Alvaro Torrão - Radio Escola (que não sei se ainda existe), kit esse que o Emanuel montou sozinho sem perceber nada de electronica, a juntar a este material ainda tinha duas antenas de radio CB-Banda do Cidadão, ligadas com vários cabos de cobre, e assim era transmitidas emissões de radio que eram recepçionadas em zonas do Funchal, como São Roque, Monte, Imaculado Coração de Maria, Levada de Santa Luzia e outras zonas dessa área, recordo que na época andava a Radio Marconi com um carro sonda a ver se apanhava de onde estavam a ser emitidas esses sinais de radio, o pessoal que coloborava na extinta Radio Atlantis também partiçipava nas buscas, só por gozo, é claro que todas essas buscas não davam em nada, o pessoal da radio marconi andava rua acima rua abaixo com os meios técnicos que tinham na época, mas as buscas saíram sempre infrutíferas, é claro que depois do pessoal da radio marconi ir embora, a malta da radio atlantis reunia-se e fazia uma festa. Também coloborei na Radio Atlantis, escrevia textos acerca de artistas, fazia de técnico de som e o material fonografico quase todo era meu, eram os velhinhos discos em vinyl, a radio atlantis tinha poucos e então eu trazia os meus, mas toda a gente coloborava nesse sentido e embora muitos amigos da época tenham coloborado com a Rádio Atlantis, só me lembro de um, o João Rebelo, que além do Emanuel e de mim, era o coloborador mais assíduo que nós tinhamos. O Emanuel Silva Ferreira foi o mentor, idealizador e principal fundador da Radio Atlantis, uma radio pirata que deu de falar e pela qual ele dedicou muito do seu tempo, e essa radio só teve a sua extinção devido o Emanuel Ferreira ter sido convidado a integrar os quadros profissionais do PEF-Posto Emissor do Funchal, de iniçio como locutor do programa "Musica ao gosto do ouvinte" e depois transitou para programas mais diversos onde ganhou muita popularidade, prinçipalmente entre gentes do mundo rural e nem só, pois o seu sentido de humor era do agrado dessa população. Depois de alguns anos no Posto Emissor, foi convidado a integrar os quadros profissionais da radio local Radio Calheta FM, para as funções de locutor e director/produtor de programas. Ultimamente não estava no exerciçio de funções devido a grave problema de saúde que o veio vitímar a 4 de abril de 2007, foi um dos grandes nomes da radio madeirense. Durante as décadas de 80 e 90 foi um dos locutores mais populares da PEF-Posto Emissor do Funchal à volta de toda a Ilha da Madeira. Faleceu aos 44 anos de idade e o seu funeral realizou-se no dia 6 de abril de 2007 pelas 15h30m no Cemitério de Nossa Senhora das Angustias, em São Martinho, na preferia Cidade do Funchal, Ilha da Madeira.
PAZ À SUA ALMA.